Muitas vezes eu vim aqui na minha mente, escrevia o texto todo, mas nunca vinha efetivamente escrever. Se passaram quase seis meses desde a última postagem, infelizmente meu pai não sobreviveu, na tarde do dia 21 de janeiro de 2013, as 17:45 meu pai veio à falecer, exatamente 01 dia após o meu aniversário.
Foram dois meses de muita luta por parte dele, mas a situação dele era muito difícil. Os médicos disseram que ele ter sobrevivido eles consideravam o milagre do ano, dificilmente ele sobreviveria sem muitas sequelas, ia visitá-lo todos os dias na parte da tarde. Os finais de semana eu deixava para minha mãe e os meus tios.
Antes de ontem fez quatro meses, às vezes ainda me pego esperando por ele chegar, dizem que o primeiro ano é muito difícil, mas que com o tempo a dor diminui, às vezes tenho vontade de chorar do nada, sinto que me emocionou facilmente em uma cena de novela, em música, em comercial de TV.
Eu tenho a mania de fugir dos problemas, de não enfrentá-los. Finjo que se eu não os vê-los, eles não existirão, há um pouco mais de uma semana fui obrigado a ir para Piedade, faleceu uma prima da minha mãe e eu fui levá-la de carro, fazia 10 anos que eu não ia para lá. A última vez que eu estive em Piedade foi no dia que meu avô foi enterrado.
Ao visitar a cidade muitas memórias vieram, fui dirigindo no caminho e lembrando das muitas e muitas vezes que cruzei aquela estrada no banco de trás de um carro com meu pai, ou seu Soares indo para lá. Infelizmente nenhum dos dois estão mais aqui, devem estar em algum outro lugar, se ele existir, conversando como bons amigos que eram. Eu passava por cada trecho da estrada lembrando de cada viagem, era como se eu estivesse entrando num túnel do tempo.
Depois da cerimônia fui até o sitio para ver como as coisas estavam, quis ver o campo de futebol, a venda, as casas dos vizinhos, queria ver se de repente eu via meu avô, ou quem sabe meu pai. Aquele lugar é recheado de fotos deles na minha memoria, mas infelizmente já era tarde da noite e estava tudo escuro e nós tínhamos que voltar para São Paulo.
Sei que vou voltar lá um dia, a ferida do meu avô já está mais cicatrizada. A do meu pai ainda é um corte aberto e infelizmente bem mais profundo, nem ao cemitério eu tive coragem de ir ainda. Me doí lembrar da imagem dele sendo enterrado e ficando lá sozinho.
Incrível como a vida tem me pregado peças nos meus últimos aniversários. Presentes que me deixarão marcados para sempre.