sábado, 12 de abril de 2008

Contos Paulistanos II - A espera!!

Era noite, noite como todas as outras. Os dois guardas estavam ali sentados na sua guarita como faziam todas as noites.

Pareciam esperar por algo. Olhavam apressadamente para o relógio. Revezavam se na entrada da guarita, e a cada cinco minutos, um deles ia até a esquina verificar.

Mas sempre voltavam com a mesma cara, a de negativa. Não trocavam palavras, o máximo que se ouvia eram murmúrios.

Sempre reclamando baixo, mal se entendia. Hora ou outra se ouvia.

- É um absurdo!!

Já eram passadas das quatro da manhã quando um deles esbravejou:

- Como assim? Isso é um absurdo!! Eu não agüento mais esperar.

Então o outro em seguida respondeu:

- Calma!! Deve ter acontecido algo.

O primeiro cada vez mais bravo, gritava:

- E aconteceu. Não veio, não apareceu. Deixou a gente com cara de besta. E agora o que é que a gente faz?

Percebendo a falta de controle do amigo, o guarda mais calmo levantou se, e foi até o lado de fora da guarita e sentou no chão. Mais precisamente no espaço entre a calçada e a rua.

O guarda bravo depois de algum tempo saiu e foi tirar satisfação com o amigo que estava sentado olhando para o leste, calmo. Parecia que tinha um alento para sua espera.

- E então, vai ficar ai com essa cara de besta? Não vai fazer nada?

O outro calmamente olhou para o amigo e disse:

- O que se há de fazer? Ela não veio. O melhor que se tem a fazer é sentar esperar o Sol nascer. É a nossa última esperança.

- Como assim esperar o sol nascer. Tá louco? O que o Sol tem haver com isso?

- Porque assim que o sol nascer é sinal de um novo dia. Um novo dia é sinal de que ela poderá aparecer. E depois dela só o sol é tão lindo e intrigante.

- Intrigante?

- Sim. Nós não sabemos o que é, nem de onde vem, muito menos para onde vai. Só sabemos que naquela hora, ela vai aparecer, e nos iluminar.

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