quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Fábrica de um homem só

Jorge era um feliz operário da Fábrica de um homem só. Apareceu há alguns meses atrás ninguém sabe de onde. Ficou conhecido pelo seu bom coração e ingenuidade. E por ter essas duas características era muitas vez feito de bobo por conhecidos, mas o maior aproveitador da ingenuidade de Jorge era o seu patrão. Eram várias as situações em que o patrão se aproveitava de Jorge.

O Patrão dele criou o dia da cueca. Era um dia que Jorge era obrigado a trabalhar de cueca ou o Dia da Alimentação, este era um dia que Jorge tinha que fazer comida para o Chefe o dia Todo, mas Jorge nunca reclamou, se quer levantou uma palavra contrariando as ordens e desejos do chefe. Afinal ele era mais velho e mais experiente e sabia o que dizia. E acima de tudo se sentia feliz por estar ali. Se sentia um sortudo e afortunado.

Entre todas as coisas que o chefe propunha para Jorge a que mais assustava as pessoas em volta era que Jorge nunca tinha direito à Folga. Jorge durante todo o período que se dedicou à Fábrica nunca folgou. Só não ia quando era mandado embora. E foram muitas as vezes neste período.

Como nunca folgou? Se perguntavam as pessoas. Como?? Que absurdo!! Mas todos tem direito à Folga. Bravejavam outros. Entretanto neste turbilhão de revolta estava Jorge sempre feliz. Certo dia um curioso vendo Jorge passar pergunta:

- Por que você nunca tem folga? E jorge contou a sua rotina diária.

- É porque eu trabalho na Fábrica de um Homem só. Só eu que posso exercer a minha função e se eu não estiver lá a fábrica não funciona. Nós trabalhamos com cores. Eu produzo cores para a vida de uma pessoa. O meu Chefe.

- Mas todos tem direito à folga. Bravejou o curioso.

E Jorge respondeu:
- Mas eu tenho direito. É que nós ainda estamos enfrentando problemas no básico do nosso processo. Em todo o resto está Ok. Para dar cor a vida das pessoas, eu tenho que encher o Balde de vermelho, essa foi a função que meu chefe me deu. O problema é que quando eu enchi de vermelho, o meu chefe percebeu que faltava Azul no balde então eu coloquei o Azul. Mas para completar o efeito desejado meu chefe disse que precisavamos de amarelo. Que são as três cores primárias que criariam todas as outras.

- E por que você não preencheu o balde com as três cores e resolve o problema logo no começo?

- É por que meu chefe nunca trabalhou com cores antes. Era uma novidade para ele ter a vida tão colorida, ele não sabia como agir. Então eu primeiro enchi o balde de Vermelho que era a cor da paixão. Era para que as pessoas vivessem apaixonadas. Sobrevivessem do calor do amor. Mas ele não ficou satisfeito e me mandou embora. Disse que o amor não era tudo que, precisava de mais.

- E por que você voltou? Perguntou o Curioso abismado.

- Porque meu chefe meu deu a oportunidade de encher o balde dele de Azul. E colocar na vida das pessoas tranquilidade, afeto, atenção e segurança. Mas ainda assim faltava algo gritou muito comigo o meu chefe, e novamente me mandou embora.

- E aí você não voltou mais? Agora entendi.

- Não. Eu voltei pois faltava o amarelo. Esta cor era para dar sustentabilidade, estabilidade, confiança e companheirismo. Eu confesso que nesta hora achei que teria a minha folga enfim, e a segurança de que meu trabalho estava sendo realizado. Mas não aconteceu assim. Ele ainda não estava satisfeito. Disse que nós tínhamos tudo que eu era um funcionário excelente, gentil, prestativo, mas não tinha o Básico.

- Meu Deus!! Mas o seu chefe também muda o problema toda a vez. A cada cor um problema diferente. Impossível agradá-lo. Disse o Curioso indignado.

- Mas eu tenho uma parcela de Culpa. Sempre que eu estava perto de completar as cores, eu faltava ao trabalho por um problema pessoal e deixava de cumprir algo que me chefe entendia como essencial. E isso atrapalhava o processo dizia o meu chefe.

- E o que você fez? Perguntou o Curioso

- Atendi o pedido do meu chefe. Já que falta o básico esvaziei o balde. E agora tudo começa do zero.

- E você vai começar tudo de novo. Afirmou o já resignado Curioso.

- Não.

Respondeu Jorge triste por não ter comprido a sua função. E saiu caminhando pela estrada que tracejava a cidade. Caminhou alguns metros parou e disse:

- Fui feliz todos os dias que trabalhei nesta fábrica, mas parto triste pois não cumpri com a minha função. Fazer meu chefe feliz.

E voltou a andar. Em direção do que? Ninguém sabe. Jorge apenas caminhou... caminhou até que ninguém mais podia vê-lo... sumiu no meio do nada... assim como surgiu há alguns meses atrás. E deixou um pensamento apesar de todas as dificuldades e dos problemas com o chefe este ingênuo homem era feliz na sua ingenuidade de querer fazer o chefe feliz.

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