terça-feira, 3 de maio de 2011

Adeus, Mestre José Renato!!

Lembro-me até hoje do dia que vi pela primeira vez o nome José Renato, ainda estava iniciando os meus estudos no Macunaíma, e falei pra mim mesmo:

- Um dia vou trabalhar com Ele!!

Fui ler um dos meus diários e vi que estava escrito uma página de como a historia do Teatro de Arena mexeu comigo, e do meu desejo de trabalhar com aquele senhor. Continuei estudando, e a cada dia ia descobrindo a importância deste senhor que já era uma lenda do Teatro Nacional.

Passaram se alguns anos e um dia, estava eu lá, trabalhando com o Zé Renato. Trabalhando, convivendo, aprendendo. A primeira vez que fui ser dirigido por ele, estava da coxia vendo o conversar com uma atriz sobre a cena, eu estava tão encantado em presenciar aquele momento que fiquei olhando pra ele admirado e me esqueci de entrar na cena.

Convivi com ele alguns anos, foram anos muito importantes para mim, ele foi a primeira pessoa que me deu uma oportunidade para dirigir, ele quem me ofereceu o seu Teatro (Teatro dos Arcos) para eu montar os meus projetos, foi com ele que conversei sobre os meus anseios de dirigir, meus medos, por onde ir, entendi que para quebrar paradigmas era necessário conhecê-los. E com ele aprendi a lição mais importante:

O que era verdadeiramente ser um HOMEM DE TEATRO.

Tinha a alma de uma criança, mas a força de um Guerreiro, podia ser difícil fazer teatro, mas ainda assim ele continuava. Era um visionário, sonhador, realizador. Amava fazer teatro. E me ensinou a amar o teatro. Fiquei muito triste quando fechou o seu teatro, mas fiquei muito feliz quando soube que estava em cena.

Semana passada, fui assisti-lo. Foi à última vez que o vi. Fiquei muito orgulhoso de ver o meu mestre em cena. Só me arrependo de não ter dito a ele o quanto ele é importante para mim, e como ele ainda me influencia.

E agora to aqui pensando:

- Pra quem vou pedir conselhos? Quem vai me dizer qual o caminho certo? Quem vai me chamar na mesa e falar, você tinha uma idéia muito boa, mas executou mal nestes pontos.

Foi se homem, chegou o Mito.

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