sexta-feira, 11 de março de 2011

Eu me lembro como se fosse hoje, eu tinha 15 anos, talvez 14, a idade eu não me lembro direito. Foi a 1o Vez que eu subi num palco. Desde pequeno meu sonho era ser Jogador de Futebol, queria jogar no Palmeiras e na Seleção Brasileira, ir para a Europa na minha época ainda era uma coisa que tava começando.

Mas de repente eu tava tocando num grupo de pagode. É. Era moda na época, eu adorava, ainda gosto, não de pagode, mas de samba!! Aqueles samba de roda, velha guarda. Sou capricorniano, né? Tradicional. A gente tocava em aniversários de amigos da escola, ensaiava todo o fim de semana, aquilo era a minha vida. Me fez esquecer que eu queria ser jogador de futebol.

Eu não sabia tocar nada, todos os meus amigos tocavam algum instrumento, me deixaram entrar pela amizade. O grupo era formado por Marciano (pandeiro), Sassá (Tan Tan), Chumbinho (repique), um menino que tinha o apelido de um passarinho (reco reco), o Danilo (rebolo), e me deram o ganzá, que na verdade era feito de duas latas de refrigerante e arroz dentro. Não era beeem um grande instrumento. Mas este foi o meu começo.

Como pode perceber não há instrumentos de harmonia. E foi por causa deles que eu entrei na música, foi por causa deste grupo que ue fui estudar cavaquinho. E me apaixonei por música.

A gente mais se divertia do que qualquer coisa, tocávamos em botecos para não pagar a bebida, nesta época eu não bebia álcool, só refrigerante!! Mas nos divertíamos muito. As vezes passo por alguns dos botecos que a gente tocava e me lembro com saudade deste tempo. Onde tudo era mais honesto.

Foi com esta turma que eu senti prazer em estar no palco pela 1º vez, e também foi a 1º vez que subi em um palco. Era um lugar estranho, acho que no Braz. Me lembro de algumas músicas que tocamos, e me lembro de como parecia alto e grande aquele palco na 1º vez, e que depois ficou tão pequeno e apertado. Fiquei no canto escondido, mas eu lembro de como eu gostei de estar naquele lugar. Era uma sensação que eu só tinha sentido quando jogava bola.

Desde então eu sempre tive a certeza de que aquele era o meu lugar, o palco, estar de frente para o público, encará los sem medo. E a partir disso nunca mais me intimidei em subir num palco.

É o lugar do mundo que me sinto mais protegido, que melhor consigo dominar a situação. Me sinto seguro de mim. Estar no palco sempre foi um prazer pra mim. É a minha casa. É como poder andar pelado em casa. Não tenho medo.

Por que eu estou escrevendo isso? Por que pela 1º vez em 16 anos eu estou pensando em abandonar os palcos, seja como ator, diretor, dramaturgo, iluminador, produtor. Não sou artista extremamente experiente, tem gente que tem 20, 30, 50 anos de carreira. Eu estou começando, e talvez esteja na profissão errada. Nunca duvidei antes, mas depois dos últimos acontecimentos tenho duvidado.

Talvez ser artista tenha sido só um sonho que passou pela minha cabeça e que durante estes anos eu fiquei batalhando pra realizar, mas que não deu certo. Assim, como a carreira de futebol que eu tentei quando criança que também não deu!!

Acho que chegou a hora de aceitar o que o destino me proporcionou. Agradecer a convivência com pessoas maravilhosas que eu tive na vida, mas fechar a cortina e começar uma outra vida. Não sou mais menino, tenho 31 anos. Eu sei que vai ser difícil arrumar emprego, é verdade. Mas de repente eu posso ser pintor, marceneiro como meu pai.

Talvez seja isso, marceneiro. Meu pai me criou, criou minha irmã, sustenta a nossa família com dignidade até hoje com a marcenaria. Essa talvez seja a minha opção.

Engraçado!! Um humor britânico o caminho que a minha vida levou. É a vida!! E ela é bem diferente dos filmes que o vilão sempre perde no final. Na vida real, o mocinho nem sempre é justiçado. E nem sempre a gente fica com a mocinha. E os nossos sonhos nem sempre virão realidade.

Talvez seja a hora de parar.

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